“Diários Vermelhos: A Guerra Civil Russa” traz, pela primeira vez ao Brasil, uma coletânea de documentos escritos por soldados do Exército Vermelho que serviram não em uma, mas em três frentes de batalha de 1918 a 1926.
Uma guerra civil vai além de uma simples disputa de interesses. Uma guerra civil, nutrida por grupos inconciliáveis, é o ápice do caráter implosivo de uma sociedade em decadência. A guerra civil surge como uma abrupta resposta, incitada pela reestruturação do status quo de uma sociedade desigual. Sua eclosão representa o apogeu das discrepâncias morais, éticas e classistas que levarão povos irmãos a um conflito de paz inalcançável.
Nestes diários, a romantização da guerra não é uma realidade: os autores contam não só sobre suas vidas cotidianas em infindas marchas de Leste a Oeste, mas também sobre todas as pequenas questões que envolvem o conflito de proporções descomunais. Das batalhas nos campos abertos da Ásia Central, às perseguições políticas em redutos ucranianos, neste conjunto de relatos o leitor poderá imergir em diferentes realidades sociais do cadavérico Império Russo e suas nuances, trazendo à superfície o antissemitismo, o reacionarismo e seus lacaios.